quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Joycenana

1.

No início de tudo era ela – Eva primeira mãe de todas –
Seu ventre sem umbigo estendia-se como ovalada planície
Com a azáfama de perparir
prenhe de miríades de hipocampos em sua bojuda pança hermafrodita
a partir de um invisível onfâlos
ela era também ele de tanta impregnação
a ele uniunidacosubstanciadamente apesar de

mulher primeva já era desde sempre
em sonhos me visita de raro
quando nadafalamos, apenas deitamos silentes e
mudamente ficamos rentes roçando nossas auras reunidas
esse renterroçar inunda a noite de pirilampos
quando embasbacado fico depois por dias colando cacos
fragmentos de sua silhueta lucívora até que só restam sombras

2.

Vegetissombras flutuavam silentes na paz outonal
Uma voz de dentro borbulhou. Pare de remoer esse moinho. Disse
Eu cantava sozinho em águas amargas, sustendo os longos acordes musgosos
De rumorosos remorsos verdemuco
O espalho do céu triscava lucífugas flechas no tremulazulado véu da tarde

Subitouvi sua voz dela. Seus olhos sobre mim
Emborrascando todos seus traços dela
Rosnou com rascante voz rouquenha
No que ficou parada – vestuta vestal

3.

Recomposto cruzei o umbralino deserto
Na escuridão de minha mente uma preguiça do inframundo
Avessa à claridade relutando, re-lutando
Remexendo as dobras escamosas de dragão minhas
Puff esquecido no sótão de little jack paper

A alma é tudo o que é: a forma das formas
Inelutável modalidade do visível


4.

Contando as maneiras do seu olhar dela
para ler a assinatura de todas as coisas
Signos coloridos nos limites do diáfano
Ando, adianto uma pernada por vez, epifanando pouco-a-pouco
Day in Day out that same old voodoo follows me about
Ella bruxa
Day-in-day-out I drag on
Eu-dragão
Minha espada de freixo pende a meu lado e desde
Uma escarpa que se salta de suas bases miro
O véu azulargênteo e imagino-a com cinzas em seu hálito
E o plúmbeo aroma exala de seus pelos dela
Do corner do meu olho vejo
Uma mosca diafanando sobre seu oblongo nariz
olhodenovo: a mosca se foi mais a bruxa

A inelutável modalidade do invisível

Aí está: o tempo sem ela. Sempre o será.
O mundo sem fim

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